Bias, de Priene (século VI a.C.), um dos sete sábios da antiga Grécia, pontificava por elevados dotes intelectuais. Mais que isso: era íntegro e honesto. Jamais colocou seu talento e sua inteligência a serviço de interesses menos dignos. Diante de questões litigiosas, que exigiam um mediador sábio e justo, dizia-se: – É uma causa para o cidadão de Priene! Sua presença conciliatória serenava os ânimos e garantia o triunfo da verdade e da justiça. Quando Ciro II, o Grande (585-529 a.C.), ambicioso rei persa, iniciou suas guerras de conquista, estabelecendo um dos maiores impérios da antiguidade, as cidades gregas estavam em seu caminho. Em breve Priene foi sitiada. Instalou-se o pânico. Os moradores trataram de fugir. Em atabalhoado esforço, buscavam levar a maior quantidade possível de pertences. A confusão era enorme. Grande agitação, ânimos exaltados, choro, histeria coletiva… A exceção: Bias. Deixou a cidade tranquilamente, sem carregar absolutamente nada. Os amigos estranharam.– E os seus bens? O filósofo sorriu, explicando: – Trago tudo comigo. Em qualquer lugar, esses patrimônios inalienáveis – cultura, conhecimento e virtude, lhe garantiriam subsistência honesta e digna.
Img: “Barcos na Praia” (Boats on the Beach), Claude Monet